Igualdade de géneros ou respeito?
Antes de mais, aquilo que aqui
escrevo apenas representa a minha opinião pessoal, e a opinião de cada um vale
o que vale. Como em tudo, haverá quem concorde e haverá quem discorde. Não
tenciono, com este texto, criticar ninguém ou insinuar que a minha visão é mais correcta.
Não sou feminista. Sou pelo
respeito, isso sim.
Cada vez mais noto que todo e
qualquer motivo de indignação tem que ser discutido até à exaustão. E, muitas
vezes, os indignados são intolerantes com as opiniões dos outros.
Um dos temas de maior “guerra” é
a igualdade de géneros. Na minha opinião, 95% das pessoas que defendem essa
igualdade só pensam em direitos iguais para aquilo que lhes convém. Se ainda há
várias coisas que precisam mudar? Claro que há. Se eu acho que isso é pela
igualdade de géneros? Não vejo dessa forma, vejo como algo que deve ser feito
como respeito e igualdade entre as pessoas.
Trocando por miúdos… Existirão
sempre diferenças entre as mulheres e os homens. Se essas diferenças ditam que
as mulheres não são capazes do mesmo que os homens? Claro que não. Mas será que
as mulheres (inclusive as que defendem com unhas e dentes a igualdade de
géneros e que se dizem muito capazes) querem fazer tudo aquilo que normalmente
são os homens a fazer? Não me parece. Por exemplo, nunca ouvi uma mulher dizer
que queria trabalhar na construção civil, nas limpezas de saneamento, nos camiões do lixo…
Se uma mulher quiser, é capaz de qualquer tipo de trabalho, e acredito que
existam mulheres que façam este tipo de trabalho. Com o passar do tempo já
vamos vendo mulheres em algumas profissões que, em tempo, eram exclusivas dos
homens: camionistas, motoristas de autocarro, polícia… Mas, sinceramente,
duvido que existam muitas mulheres com interesse em ter lugar em profissões que
envolvem um trabalho mais pesado. E esta é uma das razões que me leva a dizer
que não considero ser um problema de desigualdade. Sim, há demasiados aspectos em que essa desigualdade ainda existe (salários, contratações, progressões na carreira…) mas não
podemos exigir igualdade apenas para aquilo que nos convém e que gostamos. Eu
sou perfeitamente capaz e não me importo de pegar em ferramentas e tratar de
pequenas coisas lá por casa, de trocar um pneu, de pintar a casa… Tal como um
homem, se quiser, é perfeitamente capaz de cozinhar, passar roupa a ferro,
limpar a casa… Todos somos capazes de tudo, basta querermos.
Quanto a condições de trabalho, se
uma mulher tem o mesmo cargo e as mesmas funções que um homem, à partida, ambos
devem ganhar o mesmo. É um direito, independentemente do género. Se isto se verifica
sempre? Não, infelizmente. Isto é uma das coisas que tem de mudar. Mas, por exemplo,
antes de apontarmos o dedo, devemos pensar em todos
os factores que influenciam o valor do salário. E, ao fazer essa avaliação, não
pensar num homem e numa mulher, mas sim em dois trabalhadores. Há quanto tempo
trabalham naquela empresa? Os anos de trabalho, normalmente, influenciam o
salário. Será que um deles é mais produtivo e eficiente que o outro? Se um
deles “vai trabalhando” e outro é empenhado e se dedica verdadeiramente àquilo
que faz, é natural e merecido que este último tenha direito a um salário mais
elevado. E, por consequência, a progressão na carreira também vai funcionando
desta forma. Se ambos estão na mesma situação e provam que têm valor, e têm
salários e/ou benefícios discrepantes, não é correcto. Mas não considero que
não seja correcto apenas quando é a mulher a ser prejudicada. Acho que é
incorrecto quando uma pessoa (independentemente do género) se esforça, prova o
seu valor e competência e não tem os mesmos direitos que o outro. Mas, sim,
acredito que ainda existem vários casos em que as mulheres são prejudicadas
comparativamente com os homens. Só não concordo que seja algo generalizado,
como muita gente afirma.
Agora, uma questão que apenas acontece
com mulheres, por razões óbvias. No momento da contratação, ser-lhe questionado
se tenciona vir a ser mãe, se é casada, se já tem filhos... Em primeiro lugar,
acho abusivo quando entram em questões pessoais. Em segundo lugar, não é justo
que uma mulher seja prejudicada por querer ser mãe ou ter filhos. E esta é uma questão
em que eu defendo um tratamento “especial” para as mulheres. Uma mulher não
engravida sozinha (vamos generalizar e excluir as situações de inseminações
artificiais ou outro tipo de situações), mas é ela que vai carregar na barriga
um bebé, durante 9 meses. É óbvio que, a partir de determinada altura, estará
mais limitada e que, durante esse tempo e até após a gravidez, precisará de se
ausentar do trabalho para ir a médicos e fazer exames. (Por muito que os pais queiram ajudar, nesta fase, há coisas que só a mulher pode e tem que fazer) Enquanto trabalhadora,
isto irá afectar a sua produtividade, nuns casos mais que outros, mas
influencia sempre. Grande parte dos empregadores olham para isto como um
entrave, porque eles querem alguém a produzir mais e melhor, não menos. O que
eles se esquecem é que, sem crianças, quem fará parte das próximas gerações de
trabalhadores que irão descontar e pagar impostos para que, um dia que eles já
não trabalhem, tenham direito às suas reformas e serviços comparticipados pelo
Estado? Pois, eles não pensam nisso. Esta é a situação em que eu defendo que as
mulheres não devem estar expostas aos mesmos critérios que os homens.
Simplesmente porque, principalmente nisto, as mulheres são completamente
diferentes dos homens. Só as mulheres podem engravidar, logo não podem ser
tratadas como um igual nesta situação. Quanto à questão de já terem filhos,
isso só afecta se o pai não tiver a decência de ajudar a cuidar dos filhos. Nos
casos que conheço, isso não acontece e, por isso, quero acreditar que é algo
que tem vindo a melhorar. Os pais já estão mais presentes e ajudam a cuidar dos
filhos. As tarefas vão sendo divididas e não fica o trabalho todo em cima da
mãe. Se ainda há homens que chegam a casa e se atiram para o sofá, à espera que
a mulher lhes traga o jantar e trate de tudo o resto? Claro que há. Fica ao
critério de cada mulher decidir se quer um homem desses ao seu lado.
Outras situações, gravíssimas,
que infelizmente ainda acontecem. E aí é o pináculo da falta de respeito pelo
ser humano. Maus tratos. Desde violações a violência doméstica, até mutilação
genital, que ainda é prática comum em vários países. E também podemos falar de
países que ainda têm uma cultura de submissão da mulher. Estas são situações
que, na minha opinião, representam o desrespeito pelo ser humano. São situações
que têm de mudar. Para mudar, as mulheres têm que lutar contra isto e não se
podem calar. Da mesma forma que os homens que estejam sujeitos a situações em
que são desrespeitados também não se devem calar. Porque também existem homens
que são maltratados. Aqui defendo totalmente a igualdade, mas não numa
perspectiva feminista, defendo a igualdade entre o ser humano. Seja qual for a
origem, o tom de pele, a religião, a orientação sexual… todos devemos ser
respeitados. É um direito humano.
Como devemos lutar por esse
respeito? Isso é outro assunto que dá pano para mangas. Fica para um post
futuro.
Só discordo no ponto em que as mulheres têm de lutar pelos seus direitos, têm de se emancipar e fazer mais por si mesmas. Porque é que têm de estar sozinhas nesse percurso? Os homens, se se tiverem como tal e se forem respeitadores dos direitos humanos, têm de se juntar a essa luta. É dever de TODOS contribuir para a solidez dos direitos humanos, mesmo que os seus estejam mais ou menos salvaguardados. É isso mesmo que dizes no início do post, que não devemos apenas bater-nos por aquilo que nos convém. É por isso que te digo: devo lutar tanto pela igualdade de género, aproximando as mulheres dos homens em termos de reconhecimento de direitos, como qualquer mulher. É uma questão de sensibilidade humana, só isso, independentemente do género a que pertencemos.
ResponderEliminarEm lugar algum neste post eu disse que os homens não se devem juntar a esta luta. Disse que as mulheres deveriam lutar pelos seus direitos porque qualquer pessoa deve ser capaz de lutar por si, mas isso não invalida que outros não se juntem.
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